Na semana passada, São Paulo foi palco de uma experiência bizarra: centenas de empresários se reuniram para ouvir uma palestra do
Dalai-lama. O título da palestra? Saca só:
“Nova consciência nos negócios – valores para um mundo sustentável”.
Os empresários tentaram de todo modo arrancar alguma dica "prática" do monge. Queriam saber sobre
“competitividade e consumo”. Mas o velhinho insistiu em condenar o egoísmo e valorizar o altruísmo.Mais esdrúxulo que isso só uma
convenção do PCC para debater justiça.
Juquinha, aprenda: para 99% dos empresários, sustentabilidade não é um valor: é uma commoditie. Vale a pena ter apenas porque pega bem. Senão, os pandas que se lascassem.
Acho divertido essas grandes empresas que preservam o
Mico Leão Dourado, cuidam de meia dúzia de crianças carentes, mas favelizam seus próprios funcionários. O mico agradece. Mas o
Durcicleyton da manutenção deve estar meio puto. Ninguém fica feliz ao receber menos atenção que um maldito macaco cabeludo.
No fundo, os empresários da palestra não queriam mudar o jeito de viver. Queriam apenas a benção de um guru. Podia ser o Dalai-lama, um bispo ou o
chefe dos escoteiros. Só precisavam de um descarrego neoliberal para aliviar a alma. Um carimbo na testa atestando
“Vi o Dalai-Lama, agora posso voltar a especular na bolsa sossegado”.
Já posso ver Ceos de multinacionais deixando de lado os seus
ternos Armani para vestir túnicas e cuidar de
bonsais em jardins da periferia. Vai ser lindo. Talvez até role umas fotos para enriquecer o blog da companhia.
Resumo da história? Acredito tanto em empresários conscientes quanto em
tubarões vegetarianos.